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... Passar a via mais que mea Que ao Antarctico Pólo vai da linha Camões, in Os Lusíadas (Canto X)
I Os Tratados
O ano de 1494 tem grande importância para a Cristandade, não só porque os Reis de Portugal e de Espanha dispuseram-se a enfrentar o denominado "perigo Turco" - e foram os Turcos, e outros ditos "Infiéis", que, mais tarde, na histórica bandeira d'Alcácer-Quibir, fizeram agonizar o Ser Português; também, os dois Reinos estavam ameaçados, pois os Sudeanos (ou, povos da Raça Negra), através de salteos, levavam populações inteiras despovoando alguns territórios da Península Ibérica. Não fosse esse exercício diplomático de Tordesilhas e talvez hoje a Cristandade não desfrutasse de tanta autoridade religiosa e social no Mundo... Durante séculos a História foi minimizada como se os Documentos que a fazem não tivesem a menor importância, tanto que só 500 anos depois de 1494 - e sonegando ao lixo uma dos mais importantes papéis da própria História! - viriamos a saber, por um Paleógrafo (1), que foram dois e não um os Tratados assinados em Tordesilhas. Sabíamos, então, do II Tratado, aquele (também de 7 de Junho) que completa o I Tratado, atribuindo à Coroa portuguesa aquilo que ela reivindicava em termos de patrimônio geográfico-imperial, e as bulas papais assim o declararam reconhecendo nesse patrimônio o próprio patrimônio da Ordem de Cristo (da qual o Infante D. Henrique era o grão-mestre) - ou seja: nas 370 léguas (ampliadas de 100 para 370) estavam as terras longínquas que incluíam o futuro Brasil, as Ilhas Malvinas e outras como Fernando de Noronha, pelo que 6 anos antes do "achamento" cabralino já as bulas papais e os acordos de Tordesilhas reconheciam as mesmas como patrimônio da Ordem de Cristo! E mesmo com a mudança dos meridianos transformados em paralelos (Bula alexandrina menor Inter Caetera II, ou de Repartição territorial na América), pela qual Portugal era simplesmente espoliado da Distância alcançada e por alcançar, impôs-se a brandura de costumes que fez e faz o Universalismo português! Também, se entre a discussão dos impérios ou da Soberania sobre o Hemisfério Sul avultava aquilo que mais atemorizava os ibéricos, os portugueses acharam por bem negociar um outro acordo que levasse os dois impérios a lutar unidos contra as perigosíssimas investidas do povo Árabe na Península e nas posições conquistas d'Além-Mar. A visão diplomática dos portugueses foi, sem dúvida, um golpe de mestre: o I Tratado de Tordesilhas unia os ibéricos contra o Turco, na generalidade o Infiel, favorecendo a Cristandade no seu Todo imperial, enquanto o II Tratado de Tordesilhas - esse, que até há pouco pensava-se ser o único, defendia, com alguns lances de pasmar qualquer cartógrafo (por causa da confusão gerada com os meridianos e os paralelos), o que era e o que haveria de ser o patrimônio da Ordem de Cristo (2). É de maior importância a descoberta do I Tratado de Tordesilhas pelo que ele contém de envergadura histórica, de como os povos da Raça Branca resistiram às investidas, entre salteos e bandeiras, dos povos da Raça Negra -, já que estes viam extinguir-se aceleradamente o domínio que ainda tinham do Mundo, religiosa e cientificamente (3). Definitivamente, com a descoberta deste Documento quatrocentista, que muitos historiadores julgavam não ter importância por serem ignorantes em Paleografia, registra-se o porquê da atribuição do título de Grão-Mestre à Coroa portuguesa pela Papado: os Reis portugueses ao assimilarem, e não destruirem (como fizeram os franceses e outros...), o patrimônio da Ordem dos Templários, convertida em Ordem dos Cavaleiros de Cristo por indicação da própria Monarquia portuguesa e ratificada pela Bula Ad Ea Ex Quibus (do Papa João XXII, em 14 de Março de 1319), aproveitaram-se dela enquanto instrumento da Fé cristã e de suporte material e financeiro (junto dos banqueiros judeus, principalmente) para levantarem o Império através da Epopéia marítima. E o Vaticano estava em crise de identidade... por isso a determinação ibérica de combater o Infiel Turco foi-lhe vital - e então, nenhum outro país, a não ser Portugal, poderia receber do Papado um patrimônio de tal vulto imperial como o dos Templários. Sem dúvida que o I Tratado assumido em Tordesilhas, e ratificado em Arevalo, foi a chave que permitíu uma estabilidade diplomática e financeira para os bispos do Vaticano, e o II Tratado foi o mero reconhecimento dos méritos cristãos e científicos de Portugal! 2
Brasil, Malvinas e Trindade são um mesmo território, à luz da Paleografia!
... onde mais se alarga ----------------------------------------- "De Sancta Cruz"o nome lhe poréis; Descobri-la-ha a primeira vossa frota Ao longo d'esta costa... Camões, in Os Lusíadas (Canto X)
Quando a esquadra capitaneada por Pedro Álvares Cabral saíu do Restelo, sob a benção espiritual d'Os Velhos, tinha como rumo certo Calicut - ou, as Índias; e, ao afastar-se da costa d'África caíu nas já conhecidas contra-correntes do Mar de longo que poriam a esquadra nas costas da velha (porque sinalizada em antigas Cartas) Insulla Brazil e de onde, entre Fevereiro e Março desse 1500, retornava o espanhol De Lepe... Um cruzamento inevitável. Entre outros, Cabral foi mais um marujo a tocar as costas do futuro e grande Brasil. Com o "achamento" logo foi demarcado aquilo que o Tratado de Tordesilhas determinava como zona portuguesa: a Insulla Brazil era patrimônio da Ordem de Cristo reservado ao Império português. A atitude de Pedro Álvares Cabral não poderia ser outra, uma vez que ele navegava sob pavilhão da referida instituição bélico-religiosa primeiro, e depois, só depois, sob o da Coroa portuguesa - ou seja: antes de mais estava a obediência às bulas papais e ao Papa, daí que a bandeira hasteada no dito Porto Seguro, naquele Abril de 1500, foi a da Ordem de Cristo, ficando tudo sob a administração da mesma Ordem; e, por força do II Tratado de Tordesilhas, o "achamento" englobou as terras então denominadas e assinaladas na Carta como Sancta Cruz e as ilhas que hoje são Trindade, Fernando de Noronha e Malvinas, entre mais alguns rochedos. Ora, estando em vigor o conteúdo do Documento de 1494, mesmo sendo agora, 500 anos depois, o Brasil uma região (e uma Nação) independente de Portugal, os outros territórios, como as Malvinas... são pertença do mesmo Brasil!
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Língua Portuguesa, Nação d'Alma Grande
Minha pátria é a Língua portuguesa Fernando Pessoa
Veja-se, então, que a Vontade e a Ciência d'Os Portugueses fizeram da sua Língua um dos mais fantásticos veículos da Fé cristã, antes e depois de abertos "os portões do mundo" (4) pela viagem não menos fantástica de Fernão de Magalhães; mas foi/ é o Brasil a mais categórica Obra de povoamento e civilização deixada por Portugueses que, como Manoel da Nóbrega, o jesuita arquiteto do Brasil-nação e fundador de São Paulo e estratego da emancipação do Rio de Janeiro face aos franceses (5), semearam o Cristianismo... E tudo isso apesar do salteo apreendido por muitos fidalgos e militares entre os árabes - pois, principalmente os fidalgos da tacanha Mentalidade feudal, viam no Trabalho (artesão e campesino) uma coisa menor e indigna, daí a necessidade da Escravatura! O crescimento do território brasileiro em torno do salteo e da bandeira levou a que religiosos autênticos, como Nóbrega (este, depois acompanhado por Anchieta) e Vieira, entre outros, pusessem na ordem do dia uma pregação cristã de denúncia da violência e de apoio à civilização dos povos da floresta. A difusão da Língua portuguesa através dessa pastoral, que muitos jesuitas transformaram em instrumento rumo à possibilidade de um império teocrático da floresta...! (6), resultou em uma unidade linguística que une, até hoje, a Nação brasileira!
NOTAS
- TORDESILHAS, vila de Castela (Espanha) - SALTEO, equipe militar de assalto e aprisionamento (apreendida por portugueses e castelhanos junto dos árabes, na Península Ibérica) - BANDEIRA, companhia militar, ou para-militar de ocupação (que compreende as equipes de Salteo)
01- BLANCO, Ricardo R. - paleógrafo, in Estudos Paleográficos, LaserPrint Ed., SP-1987 02- FERREIRA, Tito Lívio - in POrtugal No Brasil E No Mundo, Livratria Ed. Nobel, SP-1989 03- D'OLIVET, Antoine Fabre - in História Filosófica Do Gênero Humano, Traduç. Edmond Jorge, Ed. Ubyassara, RJ-1989 04- NEBÓ, Flerts - in Os Portões Do Mundo, romance sobre Fernão de Magalhães, SP-1991 05- PIMENTA, José de Melo - in Nóbrega, Fundador de São Paulo, Ediç. DIMEP, SP-1990 06- BARCELLOS, João - in A Celebração De Portugal e Os Descobrimentos, ensaios/palestras, SP-1990 |
Atualizado em: 18 September, 2000