o poeta
e o
terrorismo

 

joão barcellos

 

eu

sempre me disse "olha que o Tempo

é algo delicado, algo tão frágil

que nenhum Espaço lhe é fronteira",

e assim vou vivendo

 

sempre me disse "antes de virares Nada

deixa escrito que te lancem no Fogo

e as cinzas na Terra, eis a melhor maneira

de retornares ao Cosmo",

e assim vou vivendo

 

por isso sei o que Sou

e porque Estou,

 

abomino o Poder

e assumo a Espiritualidade que me faz viver

 

não sou terrorista

sou Poeta

anarquista

entre o alfa e o beta

 

jb

 

 

 

1

 

lembro-me das noites frias esquentadas com sonhos, sopa e pão, infância quase ignorada mas de muito e bom aprendizado, uma espécie de Tempo moço dizendo-me "estás num Espaço velho porque És o que queres Ser contra a nefasta Fé que impõe limites", sei por isso que cresci dentro de uma bomba socialmente ubíqua tendo o Terror como eixo educacionalmente operado

 

não sei, digo para mim, a bomba que explode na cidade tem o mesmo efeito moral que o sequestro do algo poderoso? será que o roubo de milhões de dinheiros em banco ou carro-forte tem também a mesma carga que aquelas ações político-militares executadas por civis contra o Estado militarizado? e mandar explodir um supermercado ou um hotel é o mesmo que mandar invadir um país? eh, eis-me diante das

 

duas faces

de um Terror

que o é porque o somos,

e ser do Terrorismo

é criar impostos

garantir a Vida para uns

e a Morte lenta para quase todos,

é violentar a Luz

com as Trevas não anunciadas,

é falar por todos

em minoria imposta

por galante aforismo,

eis que somos

o Terror

e suas faces

 

ou não? sim, creio que a humana Quotidianeidade é na verdade o Terror incorporado não no complexo mas no simples jeito de cada Um(a) sobre-viver!

 

a Religiosidade com as suas santas guerras, judaicas e islâmicas e cristãs e hinsdus ou budistas, é o mais fiel espelho daquilo que somos, pólos d’Energia liberando geral na magnética mutação do Prazer que é Estar para chegar a Ser, daí

 

o Ser religioso

é o Terror em si,

não sabe da potência,

 

deixa crescer por si

o Poder luxurioso

 

aquele que responde ao sentido de que Estar é mais importante do que Ser, e eis que a História no-lo diz com clareza, todo o Terror institucional seja econômico seja bélico ou cultural compõe-se de uma carga de Prazer embasada no masoquismo do algo-religioso que quase sempre torna-se o-algo-político, e não há aqui, as excepções são raríssimas, a carga Espiritual poeticamente assumida do Ser, esse Magneto fantástico que é a Existência em função da Biomassa que lhe é berço, ou seja, é o Ser um dos elementos da cadeia animalíssima que povoa a Terra!

 

quando o Poeta olha em seu redor e encontra um amigo negro baleado por um policial negro que achou-se branco por envergar uma farda do Poder branco, ou por um policial branco que achou-se no direito de defender o Estado e não a Cidadania, sim, aí o Poeta pensa que ninguém É e que todos Estão porque a Quotidianeidade, e não a Sociedade, assim o quer sob a benção dos religiosos de todos os quadrantes ideológicos

 

isto é o Terror incorporado culturalmente ao nosso dia a dia, é o que posso pensar, e acho, porque não encontro outra explicação em Filosofia para

 

esta Luxúria

vinho que adoça a Morte

pela Mente

 

Espírito à sorte

Vida espúria

 

que o Mundo rege-se por Lei única dilatada em Fé num mercantilismo doentio, pois, quem É simplesmente Poder pertence a uma minoria cuja esbórnia tem base no Terrorismo legal das polícias, dos impostos, dos militares, das igrejas, das comunicações de massas, base que cria

 

a aldeia

dos que vivem a Vida,

gente que quer Ser

gente,

maioria e usina de riquezas

da minoria e seu Poder

que se diz de um Deus,

oh Deus cego e surdo

e inculto,

oh Vida que Espírito

não és mas adeus

e Morte,

e esta gente que quer Ser

canta em ti ó Vida

outra aldeia

 

e luta, faz-se ouvir, quer Terra para cultivar, quer Habitação, quer Educação, quer Estar além de Ser!

 

se o Prazer de uns poucos é um eterno-Poder, a Luxúria da existência do Todo humano é uma bomba não de efeito politicamente moral mas de efeito Espiritual, de vivência da Vida

 

é a Vida na contra-mão,

 

a outra face do Terrorismo, porque todos têm direito ao Poder seja ele político, econômico ou religioso, e como somos Energia somos coisa buscando caminhos de expressão, de Vida com expressão espiritualmente liberta, por isso os contrários sempre encontram-se no limiar do Terror

 

cores

raças proibidas

élites

 

idéias contidas

clamores

 

por aquilo que ambos denominam de Poder, que para uns é Estar e para outros é Ser, os primeiros pelo Dogma e os segundos pela Vida vivida

 

ora, é o que sinto, é o que vejo

 

repetimos a hierarquia Animal verificada entre abelhas, formigas, macacos, ursos, isto é

 

o ciclo que somos

não vive d’água benta

é biomassa

bento é o talvez Poder

e Deus é baioneta,

como na formiga, no macaco,

no urso ou na abelha é a força,

pois, o Espiritual é poeta

e Poeta não tem vez

não é produto nem é mercado

logo não é Poder é Nada

Estar é ser Poder

concreta e insensível argamassa

coisa e não água benta

demanda Animal é o que somos

 

e isto para ser mais claro, porque nasci assim, Poeta

 

já vi o Mundo

 

revive em Mim

o algo Espiritual

não a igreja

 

cântico desigual

outro clarim

 

por uma Vida de compromissos com o Ser que tem Palavra e não a ação do que age como parafuso sem fim no eixo do Terror

 

não posso porque não sei Estar sob ideais inquisitoriais que sujeitam o Existir a uma Fé embasada no trâfico de influências na Política, esse jogo sujo que cria moedas ilusórias inflacionando a Quotidianeidade para taxar o Povo que realmente vive o Ser pela Energia em si concretizada, ora, uma Fé que o faz Eleitor por um Voto que dizem seu, por isso a Democracia que só serve à Plutocracia! ou, o Terrorismo d’Estado, mas quando esse Povo ousa dizer basta deixa de ser Democrata e passa a ser terrorista, também

 

quando ouço falar de Terrorismo logo penso nisto

 

porque somos todos filhos do Cosmo, faces do mesmo Terror, dele participamos de alguma maneira porque temos em nós

 

a Fé

vivências

o Mártir

 

fúteis emergências

o Herói o é

 

embora não o sendo, realmente

 

sim, o Herói é somente uma das imagens da Vida que ao Terrorismo empresta algum brilho independentemente da cor ideológica, logo

 

Herói bom é Herói morto

 

e que em nós o Herói reviva!

 

 

 

 

2

 

 

só quando soube, estando, o que é realmente sub-humanidade é que me dei conta que somos-o-algo-Animal povoando a Terra

 

isto é, uns quantos dizem-se o Núcleo tradicional governando e alimentando precariamente o Eléctron, que se diz o Todo, a vera Energia que gera o sustento elementar daquele Núcleo

 

às vezes uma Fissão quebra o Núcleo libertando outras energias, ou potências-do-mesmo-saco, no entanto o Eléctron é sempre re-dimensionado como mão-d’obra, e pronto

 

dessa Fissão surgem os satélites investidos da mesma ação de direção, tudo pulsos-do-mesmo-saco de tendências sob um único conceito

 

mas, lá vem o tal mas!, os poderosos esquecem que o seu sustentáculo é um Elemento que não pode ser transformado em outras substâncias fabricadas por aquele conceito, que o feitiço vira-se contra o feiticeiro

 

o Alquimista mór

pode tudo para agradar a seu Senhor

nada contra o Elemento

 

o Povo é flor

sem Tempo, Energia de muitos sóis

 

eis-me assim, educando-me na pancadaria que levo nesta Quotidianeidade, em meio a uma guerra santa de contrários,

 

de seitas

 

 

tudo girando loucamente em torno de um Estar que o é assim mesmo e de um Ser que também quer Estar por direito de nascimento no Cosmo, embora poucos queiram Ser ou assumir a Anarquia natural que é a Ordem da coisa cósmica

 

isto é, viver a Vida

 

a Poesia!

 

este quê Animal é antropofágico e na vera coisa poética estudo-o como produto acabado do eco-sistema que faz e desfaz a Terra pelo desenvolvimento das tendências e do conceito que gera o Dogma, essa coisa que assume o Poder sob qualquer temporalidade contra a Anarquia que assume a Vida vivida!

 

só que a Terra sobre-vive e responde ao Terrorismo insano de seus habitantes humanóides, rebenta-lhes o Eu estupidamente ingrato e cínico com severas tempestades, ah tão severas tempestades quanto as nefastas idéias de Poder que vomita esse meia dúzia d’humanóides

 

sim, vera é a Verdade

 

e a sub-Humanidade está para a burguesia como os religiosos estão para a cobiça das riquezas sobre as misérias alheias, por isso estão ou viram trapos na Política

 

  

 

3

 

 

olho em Mim

o Mundo terrível

Nada

 

um Espírito sensível

sorri ainda assim

 

é que em tmpos idos já se sabia do porvir e os que se foram nem precisariam de ir, eram já a Luz

 

somos pois o que sempre fomos, revisitamo-nos sem hora nem dia porque a Luz faz-nos Ser para além do efêmero e quase sempre estéril Estar

 

não podemos nem devemos aceitar o que uns poucos põem na Política e na Religião como Lei única

 

Terrorismo abominável

 

não podemos enfrentar tal Poder mal abençoado, nós bebemos Água produto da Biomassa e não água-benta produto da idiotice daquelas tendências e daquele conceito, nós somos fortes porque nos sabemos Vida, porque em Espírito energizamos esta Vivência em parceria com o eco-sistema da Terra, somos telúricos, e a nossa arma é a Palavra que aqueles estúpidos não suportam ouvir!

 

a Palavra é a nossa arma e o nosso caminho pela Paz

 

e quem o diz é Poeta