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POESIA EM COTIA
I no vento que sopra o verde da tua floresta mostra-nos outro mundo história de rupturas e d'amores
no vento que sopra as telhas das tuas casas dão-nos um rumo que já foi de velhos exploradores
no vento que sopra os cabelos das tuas moças são perfume bruto ninhos d'ancestrais amores
já te deram mil poemas e juraram amores eu prefiro amar e ouvir as novas do mundo no vento que sopra
(in Jornal Cotidiano, 1993)
II
Vieram em caravelas, subiram a serra E fizeram-se ao "sertam". Marujos e sertanejos fizeram amor com a negra E com a nativa n'aventura da solidão.
Pela estrada d'oeste ergueram na terra Carijó uma nova parada: uma nova Cotia, bocão Verde apontando ao a-volante saído da serra O quanto era grande o "sertam".
Nessa terra, também da brava "cotia" E da virgem mata, acampou o amor entre sangues e serventia.
Os sertanejos viram na fértil mata e no amor uma razão Para fazerem da Aldeia Carijó um pedaço da eterna Aventura. Aí nasceu até um poeta! Enquanto o "sertam" Era descoberto, Cotia sorria como ouro-de-terra.
III A Rosa De Cotia
A nuvem deixou passar o raio de sol E o botão abríu-se pingando orvalho Na manhã amena. Como a cidade que acorda no cantar do galo, O botão fez-se flor num ato só.
Era a rosa de Cotia em esplendor!
Ninguém soube como, nem como do pó Das gerações que passaram a boca d'oeste bravo, a flor foi ficando. E mesmo quando a nuvem encobria o prado Ela era já outra semente sob a benção do sol.
Era a rosa de Cotia em esplendor!
Como o gado no campo quer o verde pasto, A flor da cidade quer de nós um mimo d'amor só.
IV
corpo de flor a que chamam rosa corpo de fervor alma alada e gostosa
eh cotia que barco foste e alegria de carijó no monte
eh cotia das fragrâncias alquimia dos tempos e das mudanças
alma alada e gostosa em etu favor nasce a calma rosa essência d'amor
(in Jornal Da Raposo, 1993)
V De Cotia Ao Tietê
liquido cristal da anciã ousadia do ser já o carijó ía ao planalto fazia do rio outro olhar por lhe parecer coisa igual
disse aos da outra banda do mar como navegar a vida rio acima e com eles foi bandeirar
era assim coisa sem igual e hoje não há nem o que parecer acabaram com o ousado olhar não há rio nem alto daquele tempo só mesmo o pó que anima o poeta a ser liquido cristal
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