|
Opiniões Sobre 500 ANOS DE BRASIL e O OUTRO PORTUGAL Carlos Firmino Manuel Reis Joane dAlmeida y Piñon
" É a continuidade na produção criativa. E isto é que apetece dizer, antes de mais, da coletânea de ensaios-palestras "500 Anos De Brasil" e do romance "O Outro Portugal", escritos por João Barcellos e lançados pela Edicon na Bienal Internacional do Livro (São Paulo, Br., 2000). Conheci João Barcellos como crítico literário e jornalista em dois periódicos de Buenos Aires, em 1995, e outro periódico em Bogotá, no mesmo ano - , já aí, era ele um poeta e um ficcionista reconhecido por intelectuais como Antônio Carlos Villaça e Francisco Igreja, entre muitos outros (e digo mais: muito apreciado particularmente entre os produtores culturais alternativos). A festa inventiva que é a poética jb, como designou a também poeta e artista plástica Tereza de Oliveira a obra deste luso-mundano, está toda na trama do romance O Outro Portugal e, nela, aquele todo diaspórico muito caro a Portugal: neste romance, o autor faz conviver a precariedade dos desenvolvimentos lusófonos pós-1974 e o existir desesperador do intelectual e do artista luso fora da pátria e, porque o fado não é coisa vã na distância lusa, um dos intelectuais da trama pôe fim à vida como remate psicológico num exercício de cidadania levado aqui às últimas consequências. E na reunião de algumas das suas palestras em 500 Anos De Brasil podemos rever o traço fantástico do seu Exuberância e Folia no Mar de Longo um dos mais belos poemas épico-sarcásticos que li sobre as navegações quinhentistas; na verdade, em 500 Anos De Brasil ele nos dá a dimensão histórica do sexo no contexto da saga portuguesa, da importância da intelectualidade gonzaganiana na Inconfidência Mineira, a questão dos dois tratados de facto assinados em Tordesilhas e, na contra-capa do livro, a perspectiva do seu novo trabalho de pesquisa centrado no descobridor Duarte Pacheco Pereira em confronto com a literatura cabralina. O interessante é que estes dois livros, um de ensaios e um romance se diluem num mesmo tema: o ser português fora de Portugal. E são, ao mesmo tempo, um grito psicológico nesse deserto." (Carlos Firmino professor e jornalista, em Paris-Fr., 2000)" Quanto ao 500 Anos De Brasil/ensaios, achei, sobremaneira, muito bom teres recuperado historicamente, de modo a torná-la bem manifesta a ideia dos dois tratados de Tordesilhas (...) No que diz respeito ao teu romance/epopéia O Outro Portugal, tenho de confessar e concluir que, não só estás, de facto, na posse de ate do romance, como, ao mesmo tempo, expandes e transmites mensagens profundas e toda uma Cultura de Titâs, que espraias em todos os azimutes: desde os geográficos (...) até aos psicológicos e políticos e económicos e religiosos, passando pelos históricos e a sempre latente evolução sócio-antropogenética da Humanidade (...) E todos esses medrastes, sabes operar, atando e desatando, dissolvendo velhos dogmas e arquétipos estereotipados e propondo novas iguarias à mesa cultural dos humanos de hoje." (Manuel Reis professor, conferencista e escritor. Portugal, Maio de 2000)" Já tinha assistido às palestras de João Barcellos que, agora, a Edicon reuniu em livro; também, na internet, li o romance do ser-português no eco do peito largo na pátria distante, como opinou Marc Cédron acerca do mesmo durante um encontro do Grupo Granja, em Bruxelas. O que fascina na escrita de JB é a consistência do seu trato literário. Quando li Uma Caravela De Prata, um romance lançado no início dos Anos 90, percebi o português perfeitamente integrado ao viver americano e pulando de cultura em cultura para melhor o assimilar na sua ciranda psicológica de estar português longe de Portugal. Quando ele escreveu O Outro Portugal, creio que entre 1991 e 93, no Rio, em Floripa e na Sampa, as vivências do intelectual luso entre as culturas sul-americanas já tinham desenvolvido nele um aprofundamento da crítica social em torno do ser-português, crítica construtiva destinada a valorizar ainda mais a Questão Pátria que tão cara lhe é. Ser português é viver um estado mental permanente, afirmou o autor no Rio quando dissertou sobre a importância do intelectual na sociedade e na segurança pública, em 1995. Queria ele dizer que o traço psicológico do ser-português também se manifesta no ser-brasileiro e que a cultura da aproximação social lhe é, por isso, uma chave psicológica. Ao olhar a capa de O Outro Portugal logo lembrei-me de tudo isso e de como o percebi também na poesia de Francisco Igreja e de Dalila Teles Veras, outros portugueses da diáspora intelectual lusa. Nos ensaios de 500 Anos De Brasil deliciei-me novamente com as fronteiras reabertas por João Barcellos nos seus estudos históricos. A leitura de 500 Anos De Brasil e de O Outro Portugal são uma viagem psicológica nos tempos do ser-português alicerçados na magnitude social da diáspora." (Joane dAlmeida y Piñon, física USA, 2000) |