|
Os Escritores
Ter acesso ao baú de um Escritor é algo permitido a poucos mortais. É fascinante. Fazer uma leitura sobre essa massa de Escrita é uma aventura pela alma do Criador intelectual. No baú de João Barcellos encontrei uma verdadeira e rara luso-brasilidade. Mas, o que dizem outros escritores sobre os trabalhos de João Barcellos? A formidável escritora portuguesa Fernanda Godinho Esteves classificou o livro "Exuberância e Folia no Mar-de-Longo", de João Barcellos, como "maravilhoso"; e, o brasileiro Mário Castro, escreveu: "Eis uma das literaturas mais complexas pela sua profundeza filosófico-social. João Barcellos extrai da exuberância do tropicalismo os sinais de uma Humanidade decadente mas que, em louca esperança, ainda aguarda o paraíso. Foi o que li, e reli, em Exuberância e Folia no Mar-de-Longo, na palestra sobre Mário Schenberg, e ainda em Outros Escritos". O premiadíssimo contista Cunha de Leiradella, radicado em Belo Horizonte, autor do roteiro O Circo Das Qualidade Humanas (filme com Kássia Kiss, Jonas Block...), achou por bem registrar (ele só escreve com minúsculas): "li o outros escritos. gostei. gostei de paixão damor & energia e gostei de bio massa. mas foi o garoto e o pajé que me encantou. neste conto, meu caro joão barcellos, o verde das florestas amazônicas escorre de cada palavra, verte de cada linha. e, aí, me perguntei: como é que um cara, vindo lá dos confins continentais, conseguiu absorver tanto e tão bem o cheiro destas terras e o gosto destas águas? parabéns, caríssimo. o livro está bonito, agradável de se ver e pegar, mas é o conteúdo que está ótimo! fez-me lembrar (quantos anos já se passaram?) a fulgurante caravela de prata, que me levou de volta às terras onde nasci e cresci". Tereza de Oliveira, na Paris de 1998, escreveu Lendo Poemas De João Barcellos, uma pequena análise tendo como base sete poemas que, com Joane dAlmeida y Piñon, retirei do baú. Acho que ela pediu ao escritor para pôr o texto na Internet. Duas semanas depois Paris seria a mortalha dessa galega de Vigo com encantos do Brasil... Li uma carta-texto de Dalila Teles Veras na qual expressa a riqueza social, política e ficcional, em alguns dos livros de JB. Sobre o famoso texto Fraternal, que em dezembro de 1998 circulou por vários países e foi publicado em Gazeta de Cotia (SP) e Correio do Sul (MG), a escritora e crítica Nelly Novaes Coelho opinou, simples e direta: "Adorei sua mensagem Fraternal... quanta verdade está nela!" e, sobre os textos de Outros Escritos, "geram um mundo de reflexões e emoções". A importância da Escrita deste português radicado no Brasil é tanta que essa conhecida crítica escreveu-lhe dizendo: "A sua é das obras que, comigo, aguardam na fila o tempo e o espaço interior propícios para que eu registre minha leitura interpretativa". Já depois de ter lido Estórias Poéticas quanto Poesia e Seis Contos Dum baralho Só, o crítico Antônio Carlos Villaça teceu uma opinião idêntica à do poeta Francisco Igreja, em 1991: "Os personagens na ficção de João Barcellos não são títeres, têm vida própria". Estou a virar analista literário por causa de João Barcellos. Toda a sua Obra (que se divide em duas: para jovens e para adultos) está balizada num contexto de Ecologia Humana dimensionado no conhecimento do dia a dia sociocultural. Até o prazer de amar (basta ler, entre outros poemas, Paixão dAmor & Energia) é uma vivência teluricamente cósmica! As suas pesquisas sobre Os Celtas e a História Luso-Brasileira (os livros sobre Cotia, o poeta Baptista Cepellos e O Morgado de Matheus) são peças que re-avivam nele (e nos leitores) outros instantes da Humanidade. O seu poema Natal, incluido na gravação lírico-musical de Monse Junoy, em 1998 (Cotia-SP), soa como um instante eterno. Escrevi um longo ensaio sobre o 1° e o 2° opúsculos que levam o título de O Peregrino, e que me interessam, além da literatura em si, pela questão de uma vertente filosófico-psiquiátrica ali posta em torno do Eu algo niilista. Sobre este O Peregrino a artista plástica e poeta Tereza de Oliveira escreveu algo assim "...como um livrinho de cabeceira que apetece abrir quase sempre". Também o poeta e senador brasileiro, Artur da Távola, expressou a sua admiração sobre O Peregrino em artigo publicado no Correio do Sul (MG). O arquivo da Obra de JB, que está comigo, embora pertença ao Grupo Granja, é um baú formidável ao qual a física Joane dAlmeida y Piñon chama de "tesouro onírico: um oráculo que espelha-nos pelas estradas da vida". Não é para menos. Sorte de quem pode (nós não podemos, pelas distâncias continentais) conviver diariamente com este intelectual luso-brasileiro. João Barcellos vive um universo que lhe é próprio, na verdade, ele é "o peregrino" empunhando a Poesia como bandeira da Vida. Num dos seus poemas, ele diz: "lancem minhas cinzas sobre os montes e as águas". Desligado das coisas materiais, vive a Vida pelo instante poético: desta vivência cósmica retira João Barcellos a interpretação dos instantes com a qual confecciona "uma engenharia plástica lítero-fantástica", como descreveu Francisco Igreja - o poeta seu amigo e editor. (Marc Cédron - écologo e psiquiatra, membro do Grupo Granja, de Zurich por fax, 1999) |