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Manifesto Educacional o cidadão como entidade cósmica e cultural GRUPO GRANJA
Tereza de Oliveira, pedagoga e artista plástica (i.m.)
João Barcellos, escritor e consultor cultural e editor
Joane dAlmeida y Piñon, física
Marc Cédron, psiquiatra e ecólogo
Mário Castro, professor e fotojornalista (em 1999)
1998
Grupo Granja
é um núcleo informal de debates que, através dos meios técnicos disponíveis, aborda as preocupações sociais e políticas do Ser Humano enquanto entidade cósmica e cultural.
Fundado em 1996, no bairro Granja Viana, de Cotia cidade da Grande São Paulo, Brasil, o Grupo Granja faz a leitura das estratégias de Educação e Cultura regionais e globais desmi(s)tificando a Política do investimento elitizado que visa eternizar a dependência socio-cultural das maiorias através de um canudo escolar que as veicula mas não as integra à Sociedade, sim, torna-as minorias desideologizadas...
A preocupação do Grupo Granja com a Educação e a Cultura vem do saber que tais estruturas de ação intelectual são o foco que gera ou não o Progresso.
Manifesto Educacional trata do Ser Humano como um todo mas tendo-o como entidade política capaz de encaminhar individualmente a Comunidade através de estratégias locais sustentadas na Educação pelo resgate da Cidadania comum!
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O mundo é aquilo que aprendemos a ser e, de alguma forma, sê-lo-à sempre se não aproveitarmos a capacidade intelectual da transformação pela Alma mutante.
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Sim, pois não basta Ser...!
3 Da Estratégia Educacional
A alta tecnologia alcançada e a alcançar pela Humanidade é um fato demonstrativo da potência criativa que se torna volição cultural em cada gesto do Ser na demando por um outro Estar; também, a possibilidade única de levar comportamentos primários ao estágio do desenvolvimento social interativo. É preciso aprender a ler em nós mesmos onde está o Ser e onde ele edifica o seu Estar: desta leitura partimos para a análise não-convencional da Humanidade ou seja, pesquisamos o Ser Humano sob a orientação pragmática que lhe ministram na Escola, ou na Família, de onde ficamos a saber da Educação como estratégia para um comportamento social religiosamente fechado ou para um comportamento social aberto à mutação que leva às tecnologias e ao bem-estar comunitário e espiritual.
4 Da Inclusão-Exclusão
A amplidão da estrutura educacional de um Povo decide do Progresso geo-político e econômico que o integrará a reformas sociais permanentes, ou não! Se vai saber encontrar caminhos para a integração social de todas as classes que o compõem, ou se vai orar hipocritamente e dizer da necessária inclusão social de pobres e de inadaptados...
É aqui que a Educação serve de eixo e espelho numa análise de Ecologia Humana, porque se é necessário incluir mas não integrar a Sociedade continuará assimilando as lições velhas da Religião que dizem da Liberdade de uns poucos feita com a Escravatura de muitos! E para tal nem é preciso um regime totalitário convencional, ou racial: isto acontece nos regimes democráticos através dos programas de seleção socio-econômica onde o pobre e o inadaptado são minorias e o rico é a maioria com a benção das igrejas, em geral!
É aqui que a Educação tem de ser debatida social e culturalmente, não só como instrumento de Ensino ou como Escola na frieza estatística. Porque a Escola faz a inclusão social segundo parâmetros nacionais, e às vezes internacionais (como no caso das observações da Declaração Salamanca sobre a Educação Especial em vários níveis), mas nem sempre o faz operando profissional e eticamente, já que o Professorado habilitado raras vezes é chamado a orientar casos tão especiais como os da deficiência mental, visual, etc..., ficando-se sempre com a noção de que a Escola recebe socialmente, sim, mas não reabilita porque não interessa integrar, mesmo em unidades de Educação Especial! Toda a Escola é sinônimo de currículo mas o currículo não significa necessariamente identificação com a Educação enquanto Vida e Meio...
5 Do Cidadão Comum e Da Educação
Quando nos integramos no plano sociocultural e tecnológico do Cinema tornamo-nos Cinéfilos e Cineclubistas; quando olhamos para além do nosso umbigo descobrimos Outros e Coisas... Mas achamo-nos plenamente quando o Pensamento torna-se o veículo que nos projeta na Cidadania interativa e nos faz viver a Sociedade tal como ela é e, em muitos casos, mudando-a!
O olhar do Cidadão comum sobre a Educação re-inventa a Escola como peça pedagógica quando a torna parte do processo local; a falta do olhar do Cidadão comum sobre a Educação torna-a burocraticamente obsoleta!
É como ir ver um Filme e acharmo-nos em algo que o Roteiro propôs pois, sempre existe um outro instante em que aprendemos com os Outros e com as Coisas... É aí que o Cinema vira Arte, Da mesma forma que a Educação é parte do Povo quando este consegue se enxergar nela!
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Sem a Liberdade de escolha a Cidadania não existe sendo este o dado objetivo que deve orientar a Educação em geral.
7 Da Moral e Da Ética Na Educação
Um dos problemas sérios da Sociedade está no posicionamento das élites no que à Moral diz respeito. Para elas, Educação e bem-fazer são a mesma coisa porque seguem o ritual pseudo-religioso do é dando que se recebe e, com esta obra caridosa feita emblema da Filantropia à custa do Erário Público, lá vão as senhoras-de-bem transformar a Escola na sacristia da Igreja e defender a Moral(idade) que cada código místico impõe.
Isto sente-se em particular na Educação Especial quando as tais damas se incendeiam de Caridade e fundam escolas e associações para educar e reabilitar deficientes tomando dinheiro e docentes das Redes Públicas de Ensino sem, na maioria dos casos, terem noção do que é Educação Especial!
A esta Imoralidade junta-se a falta de Ética Profissional: existem Escolas Especiais que não sabem fazer a distinção entre o docente das primeiras letras e o docente habilitado especial e superiormente para educar e reabilitar, o que leva uns a tomarem os cargos que deveriam ser de outros e impedindo a orientação técnico-pedagógica correta para cada caso de deficiência, em particular a deficiência mental.
Se a Caridade é o foco humanístico das élites que ele se desloque para questões estritamente sociais e deixe as educacionais por conta do Professorado!
O pior é que as senhoras-de-bem são habitualmente professoras embora que raramente habilitadas em deficiência, misturam conceitos místicos com falta de técnica pedagógica e continuam de nariz no ar em sua cruzada de mal-fazer.
É o lado família das élites falando mais alto..., dirão alguns em sua defesa. Não!, dizemos nós, é o lado mórbido que as élites têm no prazer de se saberem por cima humilhando socialmente o Povo desprotegido porque aprisionado nos conceitos difundidos pelas Igrejas-estados, conceitos que são o próprio alicerce socio-econômico dessas entidades místicas repassados em Política para as estratégias educacionais.
Eis que o lado família das élites não funciona quando o Povo carece de Comida e de Educação assumida culturalmente, esse lado humanístico surge como defesa das próprias élites que fazem a Inclusão-excluindo...
O conceito de Moral é aqui tão pífio, tão redondadamente Imoral quanto a anti-Ética, que fere qualquer princípio de Filosofia: o que está em causa é a Classe Dominante nunca as maiorias assim transformadas em minorias.
Esta tragicomêdia alimentada pelo Poder Instituído, com as bençãos das Igrejas que agem como estados dentro do Estado, criou e continua criando horrores na Humanidade. A simples e altiva troca da Educação Especial pela Caridade de sacristia é disto um flagrante. E só a Sociedade no seu todo político e cultural poderá mudar o curso da estratégia educacional que mantém as élites e o seu jeito familiar de cuidar do Povo...!
Com isto, as élites e as suas senhoras-de-bem fazem aquilo que os intelectuais não fazem: agir culturalmente em cada Comunidade. Sim, as élites cultivam os seus conceitos socio-político-religiosos enquanto os intelectuais que se assumem como tal gostam das luzes mas não de as repassar comunitariamente! São, assim, tão culpados pela Imoralidade institucional quanto o Poder...
8 Da Religião Em Sala De Aula
Quando os jesuitas, acompanhando o genocídio abençoado pelo Papado, abordaram a Língua Tupi-Guarani e a minaram com a Portuguesa praticaram, então, um ato de terrorismo cultural. Um dos mais absurdos que a Humanidade contemplou. Tudo em nome da Cruz e do Santo Padre e dos Reis católicos, que se diziam eleitos de Deus! Assim findou a América tupi-guarani e começou o Brasil português para gáudio delirante do Cristianismo e vergonha da Humanidade. A par disso, a Santa Inquisição mutilou culturas e povos!
Eis que a Religião em Sala de Aula é o pior dos exemplos.
Mas é pela Religião (inventada para ser o suporte dos que querem estar-Poder) que Ontem e Hoje os impérios do Mêdo estão estabelecidos sendo as Igrejas impérios dentro dos Impérios.
Religião na Escola significa Ricos e Pobres, filhos de Poder(osos) e filhos do Povo, nunca Fraternidade, nunca Paz, porque é a Religião e seus fundamentos cegos o foco político da maioria das Guerras.
E mais: nenhuma Religião, ocidental ou oriental, se explicou até hoje, nenhuma delas se expôs, mas cada uma delas acha-se messianicamente acima da própria Espiritualidade cósmica que faz o Ser Humano viver...!
Religião institucional na Escola é um crime d Estado Ou, diga-se com todas as letras, terrorismo contra a Liberdade Espiritual.
Basta de masturbação filosófica, é preciso dar à Educação o que ela precisa: uma Escola aberta a todos os credos e culturas sem que isso se constitua em disciplina curricular.
9 Da Filantropia e Da Educação
Ajudar a Escola é exercer a Cidadania pela Educação!, dizem. E nós acreditamos que sim, pois o Cidadão comum deve se integrar plenamente na Escola decidindo comunitariamente dos destinos da Educação, em geral, seja como Pai/Mãe de Aluno seja como Cidadão. Ajudar a Escola não é comprar e oferecer material didático-pedagógico que o Poder tem o dever de adquirir pelos Impostos que arrecada, muito menos comida para as crianças é, sim, estar presente na decisão comunitária de enraizar a Educação. Agir de outra maneira é fazer aquilo que as "damas-de-bem tanto gostam e conclamam: Filantropia para rico rir...
Filantrôpica é aquela pessoa que sabe Estar para Ser o agente comunitário necessário ao Desenvolvimento Sustentado sem precisar de estar Poder! Eis a Solidariedade fraterna que falta às élites, eis como o Cidadão comum pode e deve agir pela Educação com a grandeza da Filantropia que espelha a vera e democrática Humanidade!
10 Da Cidadania
A única Sagrada Escritura verdadeira é a Liberdade espiritual que deve presidir o Pensamento - não o Dogma: essa (des)ordem estabelecida em nome do Inominável e da Bestialidade bélica e burocrática!
É o Pensamento a baliza cósmica da Liberdade que faz a Cidadania, e é este conceito que deve gerar as tendências educacionais na Comunidade local e internacional, nunca a opressão dogmática!
Basta de visionários, de sacristias! Basta de Ignorância! Defenda-se o Ser Humano simplesmente como Entidade cósmica e cultural!
Sejamos livres, que a Liberdade não é condição utópica, é Fraternalismo!
Grupo Granja educar é preservar a cultura 1998 |