A Propósito Dos 143 Anos

Da Emancipação Político-Administrativa

De Cotia (Grande São Paulo - SP-Br.)

 

 

01- Cotia Hoje

02- Praça da Amizade Ino-Cotia

03- Peabirú

04- O Que Comemorar Em Cotia

Com Calamidade Na Educação

 

 

 

 

 

 

 

Cotia Hoje

 

Com cerca de 150.000 habitantes, Cotia é um município onde as atividades horti-fruti-granjeira, serviços e indústria quase se misturam.

 

143 Anos após tornar-se município, com Vereança, Prefeitura e Justiça instaladas, Cotia recebe do Governo estadual um moderno Terminal Rodoviário em razão das necessárias ligações aos eixos do Anel Rodoviário e não em razão de favores políticos - e, este Terminal Rodoviário é uma aspiração popular com um histórico de, pelo menos, 20 anos sob corrupção administrativa!... Espera-se, agora, que com este moderno complexo, a Administração Municipal comece a pensar na infraestrutura urbana que não existe, a par de sistemas educacionais e culturais que desenvolvam os cotianos. Mais, que os políticos cotianos aprendam que a res publica o é em função do ato eleitoralmente democrático pelo qual os políticos prestam contas... O que é raro vermos ou ouvirmos em Cotia.

 

O parque industrial de médio porte e com unidades operando com tecnologias de última geração, o parque horti-fruti-granjeiro (saído do desmembramento da CAC, a famosa cooperativa erguida pela colônia nipônica) e o parque de serviços (incluindo toda a atividade comercial), não têm insfraestrutura de apoio educacional e cultural e, quando querem ajudar, a própria Administração Municipal constrói obstáculos!

 

A dificuldade que emperra o desenvolvimento em Cotia, a 30 Km do centro de São Paulo, pela Rodovia Raposo Tavares, está na falta de preparação cultural dos políticos cotianos - pois, é inconcebível que um município de 324 Km2 de área (só a área da Floresta de Morro Grande ocupa 100 Km2) e os parques de atividade diversa instalados não tenha crescido nos últimos 20 anos nos segmentos de saneamento básico, educação e cultura... Ou seja: os políticos cotianos vêm demonstrando, além de despreparo para o Legislativo e o Executivo, uma total falta de sintonia com as aspirações de desenvolvimento do Município.

 

O descalabro que grassa na Rede Municipal de Ensino é uma vitrine da desgraça político-administrativa que faz de Cotia um principado de burrices múltiplas com tendências para o continuísmo... (jb)

 

 

 

 

 

 

 

 

Praça da Amizade Ino-Cotia

(Praça Japonesa)

 

Quem sai do centro de São Paulo e apanha a Rodovia Raposo Tavares, encontra, aproximadamente no Km 31, logo na entrada da cidade de Cotia, uma estrutura arquitetônica de traço oriental, mais precisamente uma cópia das linhas que fundamentam a nipônica Casa de Chá, uma cultura desenvolvida pelos monges budistas no Período Kamakura, nos finais do Séc XV.

 

Mas, o que Cotia tem a ver com essa Cultura oriental?... Em tempos recentes Cotia teve um Prefeito de origem nipônica - Kenji Kira e, nos Anos 70, teve como Prefeito um dos representantes da Família Pires - Ivo. Antes da Administração Ivo cogitou-se a possibilidade de um Tratado de Amizade e Cooperação com a cidade japonesa de Ino, sendo assinado numa primeira fase um documento de Geminação entre Ino e Cotia. Depois, celebrando tal evento diplomático e com apoio de instituições nipônicas, o Prefeito Ivo imaginou um "Centro de Lazer, Educação e Cultura" desde logo denominado pelo povo cotiano como Praça Japonesa. O esboço e a maqueta da Praça da Amizade Ino-Cotia mostram-nos, hoje, algo diferente do que está construido, mas somente nas proporções, já que apenas se vê a área da Cerimônia do Chá e a Área de Lazer. Para os efeitos de uma Administração Municipal o objetivo foi conseguido: uma arquitetura oriental homenageia a Geminação entre Ino e Cotia.

 

Qual a razão que levou Cotia a uma aproximação com a histórica capital do papel, do Japão?... Nos Anos 20, do Séc XX, Cotia recebeu várias famílias de emigrantes japoneses oriundas da região de Ino, famílias que geraram no oeste paulista uma nova cultura horti-fruti-granjeira e levantaram, com o seu trabalho exemplar, a Cooperativa Agrícola Cotia (CAC), que viria a transformar-se numa multinacional levando o nome de Cotia a todo o mundo. O primeiro núcleo familiar originou-se no Bairro Moinho Velho estendendo-se depois para Caucaia do Alto e Vargem Grande Paulista - aliás, foi a pujança e a riqueza da atividade camponesa que fez de Caucaia um distrito e de Vargem Grande um município. Essas famílias mandaram construir, no Moinho Velho, um monumento (infelizmente esquecido pelas autoridades cotianas) em honra dessa odisséia social. Também, naquele bairro funcionou, durante anos, a Escola Moinho Velho que ilustrou os filhos da emigração nipônica.

 

Além de algumas visitas oficiais e troca de informações entre políticos de Ino e de Cotia nada mais foi feito em torno do Tratado de Amizade e Cooperação; por isso, até a Praça Japonesa ficou abandonada durante muito tempo, até que o Colégio Kosmos tomou a iniciativa de animar um pouco o local, e de ter colaborado com a Municipalidade em eventos com representantes das duas cidades.

 

Por que a arquitetura de uma Casa de Chá é tão importante para a emigração nipônica estabelecida em Cotia e no Brasil?

 

O chá era para os budistas uma "bebida medicinal" (tal qual a erva caiapiã o era para o Povo Carijó que deu origem à Aldeia Koty) e foi em torno dele que nasceu um cerimonial específico; essa cerimonial teve como mentor Murata Jukõ, um assessor com intimidade junto do shõgun Yoshimasa que, como era tradição, reunia-se com os militares e os comerciantes e políticos celebrando, ao mesmo tempo, o cerimonial do chá que aprendera com Jukõ. O evento acalmava os participantes, ligava-os intimamente entre si e a natureza: a própria água aquecendo introduzia a liberdade e o relaxamento espiritual. Deste ensinamento budista, que recusa qualquer tipo de ornamento, nasceu essa linha arquitetônica que passou a existir em todos os palácios do Japão - e, aos poucos, a Cerimônia do Chá (tai-an) deixou de ser reservada às élites: o Povo japonês transformou-a, então, em Cultura nacional. Por estas razões, a Praça da Amizade Ino-Cotia tem as características dessa arquitetura, que também está muito ligada (já desde essa época quatrocentista) ao Arranjo Floral introduzido na Sala do Chá por Ikenobõ Senkei, no Período Edo (em pleo seiscentos) sob o shogunato de Tokugawa. No que respeita à "praça japonesa" de Cotia, deve dizer-se que ela foi traçada por arquitetos conhecedores desse estilo oriental mesmo no uso das madeiras, e que no caso da Sala do Chá respeitaram os mínimos detalhes da sobriedade ao incorporarem material como bambu para as portas corrediças e pontos para lavagem de mãos com água corrida. Como se diz em Kyoto, antiga capital imperial, "a casa-de-chá deve ter um gosto tranquilo (wabi) ". O lago, os jardins e a área de lazer propriamente dita (com o palco de eventos sob uma tradicional entrada imperial) completam esse "gosto" tão imperial. Esse "gosto tranquilo" respresentou, historicamente, o refinamento da Cultura Zen que os chineses levaram para o Japão. Por isso, quem entra no espaço da Praça da Amizade Ino-Cotia deve ter em mente que pisa um espaço onde o supérfulo não tem valor algum, só o valor espiritual é ali re-encontrado. E talvez porque os administradores políticos de Cotia nunca se tenham dado conta desta característica, que faz parte da vida sociocultural de Ino, as relações entre as duas municipalidades não passam, infelizmente, de mera diplomacia...! (Do texto-base de uma palestra de João Barcellos, para estudantes do Colégio Kosmos, em 1998.)

 

 

 

 

 

PEABIRÚ

a rota do velho americano

Por Mário Castro

 

No capítulo "O Transporte Fluvial", do livro Monções, o historiador Sérgio Buarque de Holanda refere-se ao famoso Peabirú afirmando que "(...) o mantimento da fazenda beneditina de São Caetano era levado ao mosteiro de São Bento, ou o das Canoas, talvez mais público, de onde os produtos roceiros íam ganhar a antiga vila pelo caminho de Cotia (...) sertão do Carijó"; este Carijó era o primitivo americano que habitava a campina do Caiapiã e onde, segundo os estudos do historiador João Barcellos, no livro Cotia/ da odisséia brasileira de são paulo nas referências do povoado carijó, estabeleceram a Aldeia Koty.

 

No ano 1770, recordo o livro Morgado de Matheus, também de João Barcellos, o capitão-general de São Paulo, o iluminista D. Luiz (o Morgado), escreveu sobre a tradição do Peabirú - a antiga rota dos que saindo de São Paulo passam por Cotia e Sorocaba até Woutucatu, sítio que em 1719 era dos Jesuitas, e dali embarcavam para o Paraguay.

 

Era a Trilha do Sul que ligava o Povo Carijó entre as diversas aldeias denominadas Koty (do tupi-guarani: habitação, ou ponto de encontro) e Kotyo (do tupi-guarani: em direção a). O notável livro De Costa a Costa com a casa às Costas (sobre a origem do nome Cotia), de João Barcellos, é um marco na História de Cotia a este respeito. E esta Trilha do Sul levava padres, bandeirantes e sertanistas (todos na aventura da conquista da terra, do ouro, e deixando milhares de nativos americanos dizimados e escravizados) até ao Sertão dos Patos. O livro O Embu Na História De São Paulo, de Moacyr Jordão, tem também boas referências sobre o Peabirú, além das circunstâncias que ligam Embu, Cotia, Carapicuiba e Itapecerica da Serra.

 

A rota do Peabirú (os nativos diziam Piabiyu) foi buscada loucamente pelos primeiros europeus que subiram a Serra do Mar e, também, percorrida desde a Koty erguida no Desterro (Santa Catarina) à Koty que servia de entrada/saída do "sertam carijó". A história de Cotia ainda tem muito para ser pesquisada mas, sem dúvida, o jornalista W. Paioli, no jornal Gazeta de Cotia, e o historiador João Barcellos, contribuiram muito com seus trabalhos de pesquisa contrariando a apatia das políticas administrativas que na região, de 1856 até hoje, fazem pacto pela ignorância em torno da própria História!

 

 

(Texto do jornalista e fotógrafo Mário Castro na sua admissão ao Grupo Granja, em 1998)

 

O Que Comemorar Em Cotia

Com Calamidade Na Educação?

 

 

 

No instante em que as professoras da rede municipal de ensino, em Cotia, estão virando babás, e as salas d’aula armazém de crianças (e algumas "diretoras" nem querem ser chamadas de professoras, tal a veemência com que tentam esconder a incompetência pedagógica...), pouco há para festejar!

 

Será que o prefeito Mário Ribeiro sabe mesmo o que acontece na rede municipal? Acredito que da maioria das "coisas" ele deve ter um conhecimento superficialmente burocrático, mas ninguém lhe passa a desgraça e a desuman idade instalada nas escolas cotianas. É difícil admitir que um Prefeito Municipal (e no caso, Mário Ribeiro está em segundo mandato) acabe acomodando-se burocraticamente ao Poder e nem busque melhorar a sua própria imagem de Político Eleito democraticamente...

 

Aqui em Cotia, por mais que se alerte publicamente, o Prefeito Municipal e a Vereança não querem ouvir nada que se refira a Educação e a Cultura. Pior: na Educação está montado um cartel - mostrem-nos o contrário se estamos enganados!..., que em vez de buscar soluções para o ato de educar com competência vem pondo a Educação no mais baixo nível social, como, sem qualquer programa pedagógico adequado, misturar crianças de 4, 5 e 6 anos, na mesma sala d’aula, não abastecer o professorado com material para o desenvolvimento das aulas e obrigando as professoras mais conscientes a comprarem com o mísero salário que recebem... ou como, indicar professoras para os cargos diretivos sem eleição entre elas só para servir de escudo aos interesses da Administração (da Administração ou da Assessoria...?) e, ainda, não convocar regularmente o Conselho Municipal de Educação para decidir dos destinos do Ensino Público cotiano. Mais: supervisionar o Ensino Especial com professoras sem qualificação profissional para tal tarefa... Se isto não é cartel o que é?

 

E como o Prefeito Mário Ribeiro explica esta situação de calamidade social e pedagógica no setor educacional pelo qual responde enquanto Poder? O Prefeito faria um ato honrado se, a propósito de mais um aniversário da emancipação política-administrativa (em 2 de Abril), não o aniversário da fundação (que é 12 de Outubro de 1580), saísse a público convocando as comunidades para uma ampla conversa sobre a rede escolar municipal. As denúncias que a Apeoesp-Cotia vem registrando não são denúncias falsas, têm nome e têm endereço, e estão na Carta Aberta distribuida à população.

 

A população aguenta tudo e todos no espectro do Poder político, e até a choradeira eleitoral (com ou sem cesta básica, com ou sem cargo público), só não aguenta ver e sentir seus filhos maltratados por um sistema educacional anti-pedagógico! O que o Prefeito Mário Ribeiro espera? Um dia "a casa cai", Prefeito!... (João Barcellos - escritor e consultor cultural)

 

 

Em Tempo - Esta calamidade é ainda mais profunda quando sabemos que a Apeoesp-Cotia não tem apoios jurídicos capacitados para desenvolver qualquer ação, apesar das denúncias, e deixando o Professorado à própria sorte! Um tal de Dr. Paulo, que vem da sede paulista para assessorar a regional de Cotia, é o retrato da incompetência e da demagogia que grassa em associações de classe como a Apeoesp. Obviamente, os políticos dão risada... até um dia!